Schumpeter é sem dúvida um dos maiores nomes do estudo da inovação.
Se você nunca tinha ouvido falar de Joseph Schumpeter não é um problema. Eu confesso que a primeira vez que ouvi esse nome foi na explicação que meu mentor Alan Klement me deu sobre as origens de Jobs To Be Done.
Mas vamos deixar a relação entre ele e o framework de lado por equanto, vamos saber um pouco mais sobre o economista.
Entretanto, já aviso de antemão que o post a seguir vai ser muito diferente de todos que você já leu sobre Schumpeter. Se você estiver procurando material pura e exclusivamente para algum trabalho de faculdade, nem perca o seu tempo. Escrevi este post para quem quer saber em linhas gerais as contribuições do economista.
Contexto em que Schumpeter desenvolveu suas teorias
Schumpeter viveu entre o final do século XIX e a metade do XX. Para entender melhor as contribuições dele é muito importante contextualizar a época.
Estamos falando de um período muito, digamos, dinâmico. A indústria crescia a passos acelerados, as relações entre a sociedade e os estados eram no mínimo agitadas. Além disso, as relações desses estados com outros estados eram um pavio curto para uma bomba gigantesca.
Minha contextualização pode não ser a mais precisa e acadêmica, mas aposto que ela está entre as mais originais que você já leu.
O que eu acho importante entender é que nessa época todas nossas relações entre consumo, produção e estado estavam em constante mudança. Não é à toa que muitas teorias sobre esses assuntos surgiram nesse período. E Schumpeter foi um dos grandes nomes que contribuíram para os estudos de tudo isso.
Entretanto, para um melhor entendimento, eu recomendo muito a leitura do primeiro parágrafo deste texto aqui do Wikipedia. Só o primeiro parágrafo mesmo 😉
As áreas do conhecimento de Joseph Schumpeter
Contextualizado o período em que o economista desenvolveu suas teorias, podemos partir para as áreas do conhecimento que o economista explorou.
Talvez uma das maiores singularidades dele era a sua habilidade interdisciplinar. Schumpeter era um grande entusiasta do uso da sociologia para um melhor entendimento das teorias econômicas.
Entretanto, a união da economia e da sociologia é o que todo mundo fala sobre as contribuições de Schumpeter. Mas raramente alguém explica porque ele buscou sinergia entre essas duas ciências. Eu particularmente acredito que isto acontece em função da área de atuação de quem geralmente escreve sobre Schumpeter, em linhas gerais, historiadores, economistas e jornalistas.
Eu com certeza não faço parte desse grupo. Sei muito pouco sobre história e sociologia e muito, muito menos sobre economia. Jornalismo nem se fala.
Mas então por que você deveria dar ouvidos a mim?
Porque eu acredito que eu seja uma das poucas pessoas que diariamente trabalham com as teorias desenvolvidas por Schumpeter. E quando eu digo trabalhar, eu não estou me referindo a pesquisar e desenvolver mais conteúdo sobre o assunto.
De maneira alguma estou desmerecendo o trabalho de quem faz isso, só estou destacando que, infelizmente, somos poucos aplicando o trabalho do economista além do âmbito acadêmico.
“Mas o que seria aplicar o trabalho de Schumpeter além do âmbito acadêmico?”
“E qual a explicação para a união dos estudos sociais e econômicos dele?”
A resposta para essas duas perguntas é trabalhar com inovação de maneira sustentável.
Espera, espera! Muita calma nessa hora. Recebi feedback de muita gente a respeito do que eu quero dizer com sustentabilidade. Então resolvi adicionar a seguinte, e muito breve, explicação do que eu quero dizer com sustentabilidade.
Uma breve explicação sobre sustentabilidade
Sustentabilidade em sua essência diz respeito a um sistema ou um processo capaz de se sustentar. Muito antes de se tornar uma buzzword referente ao meio ambiente, essa palavra reflete algo muito importante sobre as condições de uma iniciativa. Minha visão sobre o termo mudou bastante quando eu ouvi de uma palestrante a tradução de sustentabilidade para o francês: durabilité.
Facilmente podemos pensar em durabilidade como uma possível tradução também. Assim fica mais fácil entender, dizer que algo é sustentável é dizer que esse algo dura.
Inovar de maneira sustentável
Se algo sustentável é algo que dura, no meu ver, inovar de maneira sustentável diz respeito a encontrar meios que constantemente promovam inovação. Em outras palavras: eu não acredito que inovação seja uma questão de oportunidade e/ou sorte, mas sim o resultado de muito estudo.
Se eu pudesse dizer em único conceito interligar todas as contribuições que Schumpeter fez eu diria: inovação. Quando ele buscou na sociologia um melhor entendimento para as teorias econômicas e exemplificou essas teorias com fenômenos que aconteciam em sua época, surgiu uma nova percepção a respeito de como inovar.
Abordar inovação sob uma perpectiva social e econômica antes de tecnológica pode deixar muitas coisas mais claras. Schumpeter explicou que o surgimento de modelos inovadores, capazes de tomar mercados inteiros, precisam atender às necessidades sociais e econômicas antes de qualquer coisa. Antes mesmo do uso de uma nova tecnologia.
Assim, para aumentar nossas chances de sucesso com inovação, precisamos antes entender e explorar uma demanda mal ou não atendida pelas soluções atuais. Mas, não da maneira como muitos fazem de primeiro elaborar uma solução e então testá-la no mercado e, sim, através de uma análise prévia e livre de quaisquer preconceitos e suposições.
Em outras palavras: primeiro estudar as necessidades, depois propor uma solução.
E isto sim é inovar de maneira sustentável.
Parece um tanto óbvio, mas com certeza não é o que acontece com grande parte dos produtos que vemos no mercado. Ou você não lembra de nenhuma engenhoca cheia de tecnologia que na verdade não serve pra nada deixa a vida de ninguém melhor.
Mas como se estuda as necessidades?
Na minha opinião de inovador, uma maneira bem objetiva de começar a explorar o estudo de necessidades é entendendo um pouco sobre uma teoria desenvolvida por Schumpeter chamada: Destruição Criativa (ou Criadora).
Destruição Criativa
A Destruição Criativa é uma teoria muito interessante. Muitos conceitos dela podem ser observados constantemente nos dias de hoje. Sendo assim, para finalizar e obter uma melhor compreensão de tudo o que falei aqui, eu recomendo que você leia o meu outro post “O que é Destruição Criativa?”.
Espero que tenha gostado da minha abordagem sobre Schumpeter. Eu tentei ser o mais direto e original que consegui. Eu sei que ela não serve para trabalhos acadêmicos nem nada do tipo, por sinal, esse nunca foi meu intuito 😉